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O ator Igor Regalla esteve à conversa com Daniel Oliveira no sábado passado, 26 de Setembro, no programa ‘Alta Definição’, na SIC.
O ator que interpreta Gil na novela ‘Nazaré’ fez algumas revelações em primeira mão, como o ‘racismo’ esteve presente na sua vida.
Na entrevista, o mesmo começou por dizer: “O meu percurso profissional sempre foi muito marcado por isso, por eu fazer personagens que parece que alimentam o preconceito que há. Quase que só sirvo para vender droga e ser o mauzão do bairro, quando sinto que sou tão mais do que isso”.
Por um lado, ainda se mostrou mais “relaxado” pela cor do seu filho ser mais clara: “Tragicamente, até estou mais descansado porque o meu filho é mais claro do que eu. O meu filho é quase branco e isso deixa-me um bocadinho mais descansado, porque sei que ele não vai passar por tanto como eu, como alguns colegas… Porque é inevitável, as oportunidades não são as mesmas e isso é um bocado triste. Tive que penar tanto, tanto profissionalmente só para estar aqui sentado nesta cadeira”.
Igor ainda revelou que a sua profissão não é assim tão fácil como parece. Ainda confessou que ao nem sempre ter trabalho, depois do seu filho nascer, levou a que ele tivesse depressão.
“Ser ator é uma pressão tão grande que nos leva a depressões. Eu tive uma há relativamente pouco tempo. Tinha acabado de fazer o Gabriel, um filme sobre boxe. A coisa tinha corrido bem, o meu filho já tinha nascido e essa é a parte que mais me doí. Foi a tal pressão que é: como é que depois de ser o Eusébio, de fazer um Gabriel, eu cá em Portugal, se deixar de trabalhar na minha área, como é que vou trabalhar para um café? Se calhar devia meter o orgulho de lado e ir”, disse.
Ainda disse: “Esta pressão toda das pessoas dizerem que, finalmente, estão a ver um preto da televisão. E começas a fazer uma coisa, depois já estás a fazer outra… E, de repente, em dois anos protagonizo dois filmes… Há 20 anos que não havia um protagonista negro. E depois acabo e penso: ‘Ok, agora não vai aparecer mais nada’. Apareceu a [novela] ‘Alma e Coração’ e, depois, dessa novela é que me começou a bater.”
“Pensava que as pessoas já estavam fartas e que já não queriam saber, que já tinha tido a minha oportunidade, que tinha tido algum impacto, mas que não ia mudar nada, que as coisas iam continuar como estavam. Pensava que me iam continuar a chamar para as mesmas coisas… […] São muitas perguntas sem resposta, muita injustiça a acontecer constantemente que chega a uma altura em que nós olhamos e sentimos que não vale mesmo a pena. Felizmente, o universo começou do nada a dar uma chapadas e a dizer: ‘olha, calma’”, confessou.
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